Geologia da Fronteira Brasil – Uruguay: Como criar uma ficção geológica.

Gustavo Reginato ([email protected]) é Editor Caseiro, formado em Artes Visuais Licenciatura pela UFPel

 

1º Passo: Reconhecimento do espaço.

Para se criar uma ficção Geo-lógica, primeiro é necessário demarcar certos limites de território a ser explorado, neste exemplo específico compreende o conjunto de cidades fronteiriças da divisa dos países Brasil e Uruguay, 12 cidades ao todo, 6 em cada país. (Br-Uy) Chuí-Chuy, Jaguarão-Rio Branco, Santana do Livramento- Rivera, Aceguá- Acegua, Quaraí – Artigas, Barra do Quaraí – Bella Unión. A viagem fez parte do projeto Paraformal na Fronteira, coordenado por Eduardo Rocha (PROGRAU-UFPel) e realizada em seis dias em março de 2016, financiado pelo CNPq, em parceria com o PhotoGraphein: Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação, coordenado por Cláudia M.M. Brandão.

Antes da viagem fiz um passeio virtual através do Google Maps, capturei a tela do dispositivo e transformei em um livreto para ser levado durante o trajeto, sem que eu dependesse de GPS para me localizar, este foi o primeiro contato com as cidades, mas nada comparado a missão do personagem que criei.

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Com a intenção de descobrir as particularidades das paisagens geológicas de cada cidade gêmea, tive como missão, incorporar o personagem de um geólogo, que coleta amostras de solo e de rochas para serem analisadas, físico e simbolicamente, pois as paisagens esculpem os seres, assim como os seres também esculpem paisagens.

Levei também comigo as Cidades Invisíveis escritas por Ítalo Calvino, para pensar nos detalhes e minúcias de cada local.

2º Passo: Coleta de dados

 

Tivemos poucas horas para conhecer cada cidade. Para submergir na experiência caminhei com rumos pouco definidos, buscando coletar amostras de solo de cada cidade, amostras de rocha, pequenas anotações sobre impressões gerais, e muita fotografia e vídeos, com o celular mesmo, isso facilitou no backup das fotos diretamente para a nuvem, possibilitando o compartilhamento na web. Foram 6 dias intensos de muitas caminhadas e km rodados.

3º Passo: análise dos dados e criação da ficção

 

Digitalizei as amostras de solo e de rochas, selecionei as fotografias com potencial narrativo, utilizei as fotografias como base para a transformação em desenhos com o uso de papel manteiga, digitalizei os desenhos e comecei a montar o livro que está ainda em construção. Geológica da Fronteira Brasil-Uruguay, é uma narrativa feita em palavras, fotos, desenhos e vídeos, pensando na relação de leitura em realidade aumentada com o uso de smartphones, com imersões no streetview e vídeos online. Como um quebra-cabeças, utilizo os fragmentos coletados das diferentes formas para recriar uma realidade ficcional baseada em experiências concretas de imersão nas cidades visitadas.

 

 

 

Referências:

CALVINO, Italo. As Cidades Invisíveis. São Paulo; Companhia das Letras, 1990.

WINCHESTER, Simon. O mapa que mudou o mundo. Rio de Janeiro; Record. 2004

 

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